quinta-feira, março 6

escrevo, logo existes!


Quero retirar-te do meu poema
antes que morra,
                                     sufocado na desilusão de ti!
pequenas inspirações, entrecortadas,
a cautela de sonhá-lo nu de ti!

Fecho os olhos e experimento.

Dele expulso o teu olhar,
desalojo o teu nome.

Vou mais além
rasgo o verso dos teus pés, nus pela casa.
Alheio o teu cheiro, os teus cuidados.
E ausento as tuas mãos, raras em mim.

Um terror de mim se apodera!
E, se afinal, já não vive o meu poema?
Ausentando-te dele, morreste aí,
no meio desse chão sem texto,
no meio desse texto sem tema.

e apagou-se o meu poema, numa folha vazia, sem texto.

Agiganta-se o meu pânico!
E, se não te escrevo mais
por te querer varrer do meu poema?

Reajo!
Folha de papel e lápis numa respiração erótica, contigo.
Onomatopeias ofegantes e adjectivos intensos,

Renasce o primeiro verso!
Substantivos esquecidos e verbos há muito calados
Lápis e folha em movimentos frenéticos,
êxtase de emoção e juras eternas em superlativos absolutos!

Renasce o poema!






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